domingo, 17 de julho de 2022

Um retrato do infinito: Nasa divulga primeira imagem feita pelo telescópio James Webb

A fotografia espacial revelou galáxias que estão a 13,5 bilhões de anos-luz de distância da Terra
O olhar de James Webb: na cena, o glomerado de galáxias SMACS 0723 (NASA/Reprodução) Nesta segunda-feira, 11, a Nasa trouxe a público a primeira imagem feita pelo telescópio espacial James Webb, o mais potente de todos os tempos, e que trouxe detalhes dos rincões do universo com uma clareza nunca vista antes. Na cena, as espirais de cores e luzes mostram a região de SMACS J0723.3-7327, ou SMACS 0723, que incluem algumas galáxias que estão a 13,5 bilhões de anos-luz da Terra. O registro é um marco para a ciência e só foi obtido graças a câmera de luz infravermelha do Webb, em uma composição feita a partir de imagens em diferentes comprimentos de onda. No total, foram 12,5 horas de exposição. Um minucioso trabalho que garantiu uma profundidade muito além da alcançada pelo lendário telescópio espacial Hubble. Ao olhar com cuidado para a imagem, a distorção que pode ser percebida, é causada pela massa combinada deste aglomerado de galáxias. Elas acabam atuando como uma lente gravitacional, ampliando galáxias que estão localizadas atrás e muito além da região de SMACS. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, foram os responsáveis por comandar a apresentação de revelação da Nasa. E, segundo o chefe da agência especial americana, Bill Nelson, presente no evento, trata-se da cena mais profunda do nosso universo já tirada. Contudo, é só a primeira de uma série de imagens. Na terça-feira, 12, a Nasa fará outro anúncio com mais três fotos. Como foi escolhida a região fotografada Um comitê internacional decidiu que a primeira onda de imagens incluiria a Nebulosa Carina, uma enorme formação de nuvens de poeira e gás a 7.600 anos-luz de distância. A Nebulosa Carina é famosa por seus pilares imponentes que incluem a "Montanha Mística", um pináculo de três anos-luz de distância capturado em uma imagem icônica pelo telescópio Hubble, o primeiro observatório espacial da humanidade. Webb também realizou espectroscopia - análise de luz que revela informações detalhadas - em um planeta gigante gasoso chamado WASP-96 b, descoberto em 2014.
A cerca de 1.150 anos-luz da Terra, WASP-96 b tem cerca de metade da massa de Júpiter e orbita sua estrela em apenas 3,4 dias. Nestor Espinoza, astrônomo do STSI, disse à AFP que o último exoplaneta a ser submetido à espectroscopia com os instrumentos disponíveis na época tinha um alcance muito limitado em comparação com o que Webb pode fazer. "É como ter um quarto muito escuro e ter apenas um pequeno orifício para ver", comentou sobre a tecnologia anterior. Agora, com o Webb, "é como abrir uma janela enorme. Você pode ver todos os pequenos detalhes". Milhões de km da Terra Lançado da Guiana Francesa em dezembro de 2021, em um foguete Ariane 5, o telescópio James Webb orbita o Sol a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros da Terra, em uma região do espaço conhecida como o segundo ponto de Lagrange. Lá, permanece em uma posição fixa em relação à Terra e ao Sol, com um consumo mínimo de combustível, suficiente para correções de rumo. Considerado uma maravilha da engenharia, o custo total do projeto é estimado em US$ 10 bilhões, tornando-se a plataforma científica mais cara já construída, igualada apenas pelo Grande Colisor de Hádrons da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN).
O espelho principal do Webb tem mais de 6,5 metros de largura e é composto por 18 segmentos folheados a ouro. A estrutura oferece a mesma estabilidade que uma câmera portátil precisaria para tirar as melhores fotos. Charlie Atkinson, engenheiro-chefe de programa do telescópio espacial James Webb da Northrop Grumman, disse à AFP que o equipamento não oscila mais do que 17 milionésimos de milímetro. Atkinson, que trabalha no programa desde 1998, disse: "Sabíamos que isso exigiria alguns dos melhores talentos do mundo, mas que era possível". Após as primeiras imagens, astrônomos de todo mundo compartilharão o tempo no telescópio e farão projetos que serão apresentados para seleção de um júri anônimo para minimizar qualquer avaliação enviesada. Graças ao seu lançamento eficiente, a NASA estima que o propulsor de Webb possa ter uma vida útil de 20 anos, período durante o qual trabalhará ao lado dos telescópios Hubble e Spitzer para responder às questões fundamentais do cosmos.

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